domingo, 18 de janeiro de 2009

Uma definição do Amor

"(...) os teus lábios podem ser a sinédoque do poema; mas os teus seios não se limitam a metáforas da expressão amorosa; e o teu corpo nada tem a ver com retórica, nem sequer se transmuta em ave, num impulso neoplatónico, como se as palavras tivessem de roubar a substância do poema só porque os outros a usaram, as gastaram, as despiram da matéria que envolve os sentimentos. (...) sei que o poema te irá vestir de hipérboles, enrolar os teus cabelos em fios de anáfora, espalhar o teu sorriso pelo mais tópico dos símbolos. (...) ; Mas és tu; e o que verso algum poderá esconder é esse amor que corre por dentro dele, e o alimenta, como um vento divino nas encostas de um espírito. Então abro a cama da estrofe; e deito-me contigo nessa comparação, ouvindo o roçar de lençóis dos dois termos da figura, enquanto não chegas para sacudir, com a realidade do teu riso, o pó da poesia."

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