terça-feira, 29 de setembro de 2009

Intenso...

Não me interessa qual é o teu modo de vida.
Quero saber o que anseias, e se ousas sonhar conhecer os desejos do teu coração.
Não me interessa que idade tens.
Quero saber se arriscas procurar que nem um louco o amor, os sonhos, a aventura de estar vivo.
Não me interessa saber quais os planetas que estão em quadratura com a tua lua.
Quero saber se tocaste o centro da tua própria dor, se estiveste aberto ás traições da vida ou se te encolheste e te fechaste com medo de outros sofrimentos! Quero saber se consegues sentar-te com a dor, a minha ou a tua, sem te mexeres para a esconder, disfarçar ou compor. Quero saber se consegues viver a alegria, a minha ou a tua, se consegues dançar com loucura e deixar que o êxtase te encha até ás pontas dos pés e das mãos sem nos advertires para termos cuidado, sermos realistas, ou nos relembrares as limitações de ser humano.
Não me interessa se a história que me contas é verdadeira.
Quero saber se consegues desapontar o outro para seres verdadeiro contigo mesmo; se consegues suportar a acusação de traição e não atraiçoares a tua própria alma.
Quero saber se consegues ser fiel e, por isso, digno de confiança. Quero saber se consegues ver beleza mesmo num dia não muito bonito, e se consegues alimentar a tua vida da presença de Deus. Quero saber se consegues viver com o erro, teu e meu, e mesmo assim ficar de pé á beira de um lago e gritar á lua prateada, "Sim!".
Não me interessa onde vives nem quanto dinheiro tens.
Quero saber se, depois de uma noite de dor e desespero, exausto, dorido até ao tutano, consegues levantar-te e ocupares-te das necessidades das crianças.
Não me interessa quem és, como chegaste aqui.
Quero saber se permaneces no centro do fogo comigo sem te ires embora.
Não me interessa onde ou o quê ou com quem estudaste.
Quero saber o que te sustém interiormente quando tudo o mais cai á tua volta.
Quero saber se consegues estar só contigo mesmo; e se verdadeiramente gostas da companhia que tens nos momentos vazios.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Regressos.

Setembro. Para mim setembro é janeiro. É aqui que se regressa, que se recomeça, que se fazem planos. Fecha-se um ciclo. Que este novo caminho-projecto seja de luz, para mim, para ti dragonfly, para ti nina, e para aqueles que se sentem a recomeçar. Love u both.

sábado, 22 de agosto de 2009

neoblog

divulgo o projecto há muito existente em pensamento, agora uma realidade recém-nascida. parabéns dragonfly. e que te permitas mostrar o quanto existe alquimia nessas mãos hábeis e turgidas de emoções.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Gosto IV


Gosto quando já estou feliz por saber que vais chegar. Gosto quando chegas e me beijas, sempre apressada para cumprir o teu ritual: vestir o pijama. Gosto da tua inocência nesse acto. Tens todo um quarto para ti, e sempre colocas a tua roupa dobradinha ao fundo da cama. Gosto quando chegas á cama e no instante em que te deitas, lanças ao mundo o teu sorriso nu de quem está a fazer o que de melhor há no mundo. Gosto de gostar de todos estes instantes. Em breve colocas a mão a cobrir a boca, esperas que me vire para te encostares a mim, e apanhares a tua nuvem azul. Até ao amanhecer.

terça-feira, 23 de junho de 2009

"Não fazemos algo para ficarmos felizes
Estamos felizes, por isso fazemos algo"
do livro: Conversas com Deus, livro 1.

é qualquer coisa assim. Li, e fez-me pensar. Ainda não sei se o meu acordo é completo.

domingo, 17 de maio de 2009

do livro - Comer, Orar, Amar

"(...) em primeiro lugar nunca tinha querido tomar medicação. Tinha uma longa lista de objecções pessoais(...). Quando nos perdemos em bosques sombrios como estes, por vezes levamos algum tempo a perceber que nos perdemos. Ficamos convencidos de que nos desviámos apenas alguns passos da nossa rota e que a qualquer momento voltaremos a encontrar o caminho certo.(...). Aceitei a minha depressão como se fosse o combate da minha vida. Comecei a estudar a minha própria experiência, tentando identificar as suas causas. Qual a origem de todo aquele desespero? Seria psicológico?(culpa dos meus pais?) Seria apenas temporal, uma fase má da minha vida? Seria genética? Seria cultural? Seria astrológica? Seria artística? (Não é verdade que as pessoas criativas sofrem sempre de depressão por serem supersensíveis e especiais?) Seria Kármica? Seria hormonal? Dietética? Sazonal? Ambiental? Teria um desiquílibrio químico? Ou precisava apenas de ficar na cama?"

terça-feira, 21 de abril de 2009

moratória

Qual o sentido desta passagem?
O que me falta trabalhar, encontrar e descobrir cá dentro?
Tenho tudo em cima da mesa.

sexta-feira, 6 de março de 2009

obrigado, dragonfly


esta é a minha "moeda" de troca. a minha troca. o meu obrigado, dentro do meu amor, para ti, por ontem.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

"(...)There´s a bird that nests inside you
sleeping underneath your skin
when you open up your wings to speak
I wish you´d let me in(..)"
murder of one
Counting Crows

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Serpentinas


Aproxima-se o carnaval. De há uns anos a esta parte que não lhe atribuo qualquer significado na minha vida, tão habituada estou a assistir a desfiles de máscaras. Hoje deu-me para escrever sobre quando eu gostava mesmo do carnaval. Era criança. Eramos crianças. Com alguma antecedência a mãe conseguia pedir emprestados fatos que eu e a minha irmã experimentávamos como se fosse roupa nova para estrear. Experimentavamos tudo até trajar aquele que enchia a nossa imaginação. Nesse dia eramos tudo. Piratas, bailarinas e palhaços. Era com alguma dor que tirávamos os fatos para vestir o pijama, tal a odisseia e o frenesim com que brincávamos envergando aqueles trajes. Uma das vezes até tirámos uma fotografia. E tivemos dinheiro para mandar revelar. Magnífico. Domingo era o grande dia. A mãe enchia-nos as pequenas faces com nivea para depois nos pintar. Tinhamos de ficar muito quietinhas para resultar. O que eu mais gostava era dos brilhantes coloridos que a mãe colocava com o seu dedo nas nossas maçãs do rosto. Ficávamos bonitas. Sentiamos nesses dias, uma beleza especial. Quando estavamos prontas, íamos de encontro ao meus primos, também eles sentindo-se uns cowboys segurando as suas pistolas de água. Uma vez a mãe tinha dinheiro e comprou-me uma pistola de água. Era cor de laranja. Era da cor que mais gosto. Era uma pistola. Fiquei deveras feliz. Os meus primos haviam conseguido uns trocos para balões de água, e enchiamos os bolsos com eles. Ás vezes rebentavam nos bolsos e nós riamos muito, nus de maldade.

O meu avó lá estava á nossa espera, para nos dar boleia até á cidade, para finalmente ver o carnaval. Entrávamos dentro do jipe verde, da GNR, pois ele era guarda - motorista. Entrávamos no centro da cidade e ele paráva junto ao quartel. Saiamos quase correndo, em direcção ás bilheteiras. Como eramos todos relativamente pequenos, entrávamos sempre sem pagar. E aí começava a nossa brincadeira. Era correr, lançar balões, e procurar o melhor sítio, onde desse para ver á nossa altura de meninos. Sabiamos que estava a começar quando ouviamos os tambores do grupo que abria o carnaval. Estou com dificuldade em lembrar-me do nome, mas hoje ao que sei já não existe no desfile. Lá vinham as meninas, segurando um artefacto de metal, lançando-o ao ar conforme as batidas dos tambores, todas alinhadas, nos seus trajes sempre iguais ao longo dos anos. Era o grupo que eu mais gostava. E sempre me imaginava a desfilar com elas. Só depois começava o corso carnavalesco. E nós assistiamos a tudo e riamos com as brincadeiras dos que tinham o privilégio de estar lá dentro da rua, a desfilar. E no fim, quando terminava, ansiavamos a passagem do rei e da rainha. Não que eles nos captassem a atenção por serem rei ou rainha, mas apenas porque, enquanto passavam, lançavam serpentinas. Era o delírio. Eram as nossas mãos a tentar agarrar quantas fossem possíveis. Eramos nós a saltar, junto com tantas outras crianças, por aqueles pedaços de papel colorido, enroladinhos. Uma vez consegui apanhar quatro! guardei nos bolsos até as pessoas irem desaparecendo rumo ás suas casas. Partilhavamos então os nossos troféus, a quantidade e as cores. E lançavamos as serpentinas, rolo por rolo, á altura dos nossos sonhos. e sorriamos.

Em todos os anos em que este ritual se repetiu, apenas uma vez me lembro de nos terem comprado um pacote de serpentinas. Deve ter sido quando a mãe tinha dinheiro. Hoje vi num hipermercado o preço de um pacote: 40 centimos. Será que alguem ainda corre atrás do rei e da rainha?

domingo, 1 de fevereiro de 2009


Sinto a falta do Sol. O sol torna-nos mais bem humorados, mais leves. A chuva antecipa a sensação de dias curtos. E dias curtos não chegam para aquela parte do ócio, que tanto prezo. Por isso não me lembro de ver um filme e encher-me de pipocas, nem de estar na esplanada a sentir a não obrigação.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Uma definição do Amor

"(...) os teus lábios podem ser a sinédoque do poema; mas os teus seios não se limitam a metáforas da expressão amorosa; e o teu corpo nada tem a ver com retórica, nem sequer se transmuta em ave, num impulso neoplatónico, como se as palavras tivessem de roubar a substância do poema só porque os outros a usaram, as gastaram, as despiram da matéria que envolve os sentimentos. (...) sei que o poema te irá vestir de hipérboles, enrolar os teus cabelos em fios de anáfora, espalhar o teu sorriso pelo mais tópico dos símbolos. (...) ; Mas és tu; e o que verso algum poderá esconder é esse amor que corre por dentro dele, e o alimenta, como um vento divino nas encostas de um espírito. Então abro a cama da estrofe; e deito-me contigo nessa comparação, ouvindo o roçar de lençóis dos dois termos da figura, enquanto não chegas para sacudir, com a realidade do teu riso, o pó da poesia."

domingo, 4 de janeiro de 2009

Childhood

Quando encontrei esta carta no meu baú de papéis-memória, sorri com as lágrimas a querer sair. Não me lembrava de todo de me ter sido oferecido. Quem diria que após tantos anos me fizesse viajar em retrocesso e me enchesse o coração. Aqui o torno visível, e sei que contêm palavras de pureza e inocência. Sentimento de criança. Memórias de infância.
"é uma filosofia de vida: saberes que o tempo corre, e nada do que se deixa por viver se poderá recuperar. Digo-te, no entanto, que um instante pode conter em si todo o tempo que quisermos. Ponho-o á tua frente, como se fosse uma moeda, e tu perguntas-me o que vale mais: cara ou coroa? Não. O valor não é o que está aqui, neste pedaço de metal, mas o que ele significa.(...) Assim, nós próprios, que somos cada um de nós a cara e a coroa de um sentimento que nos envolve, não contamos. O que importa é o significado do amor que nos une, mesmo que nem sempre a moeda esteja em cima da mesa, ou já nos tenham dado o troco" Nuno Júdice - o signo segundo Saussure.