terça-feira, 18 de março de 2008

A Pedir. Soneto


Peço-te para que me escutes
sem ter que usar as palavras vazias
nenhuma delas me diz;
com efeito, todas me omitem.

Peço-te para que me abraces
sem ter de abrir os meus braços a ti;
ficar-me apenas pelo peso do corpo
deixado ao acaso na areia do solo.

Peço-te então que me beijes
sem esperar a sintonia dos lábios
e que me circundes o rosto cansado.

Peço-te porque hoje a ti me dirijo.
Não sei mais que pedir-te somente
afago para mais esta existência de protesto.

3 comentários:

Anônimo disse...

Belo. Muito belo. Só para te dar um beijo e dizer que me sinto bem ser teu amigo. Um até breve.

Darkann disse...

já cá vim 'éne' de vezes mas acho que ainda n cá tinha deixado nada para que tivesses o reconhecimento da bela pessoa que és, da bela escrita que transmites e da genuidade com que, mesmo sem te aperceberes, tocas nas outras pessoas.
eu hoje estou lamechas, melancólica, enfim... estou ainda na recuperação de muitos dias fechada em casa com as bolas da garganta inchadas!!! :)) sim, sim... as minhas amigdalas voltaram a trair-me mas desta vez foi do carago... e esta conversa das bolas não vem só trazer um pouco de humor ao que escrevo mas veio relembrar-me que, apesar destes dias terem sido custosos, aproveitei-os para pensar em muitas coisas, muitas mesmo, que estão mal na minha vida... muitas que quero mudar e muitas que não sei se quero... eu acho que tudo é mais fácil quando temos algumas certezas mas pronto... tb sei que o mundo não tem de ser como queremos... e essa é a principal razão deste teu poema me ter feito tanto sentido.
eu também peço tudo isto, não sei se sei a quem, mas sei que peço e sei que continuo a sentir-me sozinha...
vou então deixar-te um poema do LUIS FILIPE REGALADO - cada vez que leio o seu livro assusto-me com tantas 'coincidências' e...fico com medo!


« "O OUTRO...E EU"

Todos os meus poemas
são apenas dilemas
entre a minha pessoa
e a outra que mora em mim.
E a musicalidade
é o zunir do silêncio nos meus ouvidos,
na amálgama da escuridão.
E é o meu nome que canto quando choro
e as minhas preces são gritos do outro;
mas, quando me revolto,
é pelos dois que eu imploro!»

(in; A ELIPSE DO SILÊNCIO)

poeta de rua disse...

tb te adoro paulinho.