sexta-feira, 14 de março de 2008

A pequena hora nostálgica da eterna noite


A pequena hora nostálgica da eterna noite
desceu, cresceu, eclodiu, venceu.
Abriu a porta de dentro
esta, de mim, por aqui;
do coração para a caneta
da melodia para o chão
solo firme, inerte, purgante.

Compasso ou moratória, é sempre de espera.
A transição da mágoa
do nascido, do morto, do projecto-fim.

Não faço parte do Deus que para mim existe.
A estrada menos percorrida.

Caçarei a minha alma fugida
saída por entre as frestas da incerteza e da culpa.
O poema que se faz
é sempre na pequena hora nostálgica da eterna noite.

Busco a estranheza da melancolia na sua essência;
faz-se batalha a procura de certezas
de uma pausa-equilíbrio
do vento que não fustigue.

Com graça sofreremos e recuperaremos
da graça com que lutamos num semi-corpo em definição
Múltiplos braços que seguram o hoje
o hoje da pequena hora nostálgica da eterna noite.

Bate como açoite
aquilo que deixamos a meio
na plena cinética das metas e da projecção.

A música dói na sua viagem memorial...
Peçamos uma consciência mais negligente;
não mais um amor mutante
desse que vem delicado, prazeroso, fértil
mas frágil.

Frágil em mais uma pequena hora nostálgica da eterna noite.

Adormeci na hipérbole da sensação.

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